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Voltar Publicada em 26/01/2021

MP diz que Governo de Rondônia fraudou número de vagas de UTI para evitar decreto de isolamento

Os relatórios diários apontavam mais leitos do que a rede estadual possuía

Depois que Porto Velho decretou colapso na saúde pública pelo excesso de casos e precisou transferir pacientes por falta de vagas em unidades, o Ministério Público estadual, iniciou hoje (26), um inquérito civil público para aprofundar as investigações sobre o governo de Rondônia.

A investigação é sobre a inclusão de leitos clínicos e de UTI (unidades de terapia intensiva) inativos em relatórios diários de ocupação de hospitais com pacientes com covid-19 durante os meses de dezembro de 2020 e janeiro de 2021. O objetivo teria sido o de evitar que o estado decretasse medidas de isolamento social mais rígidas no combate à pandemia de covid-19.

O MP vai aprofundar as investigações e apontar os responsáveis pela inclusão dos números nos documentos.

Os números inclusos nos relatórios se referem a 30 leitos de UTI e 23 leitos clínicos do Hospital de Campanha da Zona Leste, que foi desativado em outubro de 2020. No mesmo local existem equipamentos para atender vítimas de Covid-19, porém não existem médicos para abrir os leitos aos pacientes. Mesmo inativos esses leitos eram lançados nos relatórios.

“Para poder camuflar os dados do relatório eles continuavam lançando esses leitos, mesmo estando inativos. E não só estavam inativos, como não havia nem sequer a possibilidade de ativá-los a qualquer momento por absoluta falta de profissionais médicos.” Geraldo Henrique Guimarães, promotor e coordenador estadual da força tarefa da covid19 do MP-RO.

O promotor destacou que assim que assumiu as promotorias de saúde no dia 20 de dezembro, encontrou que nos relatórios diários apontavam mais leitos do que a rede estadual possuía.

Segundo ele a partir daí, o MP iniciou um monitoramento dessas divulgações. No dia 1 de janeiro, detectou a segunda fraude no número de leitos estava ocorrendo. “O promotor de plantão detectou duas ou três pessoas na fila de espera na madrugada, sendo que no relatório diário apontava a existência de 15 leitos vagos. Foi quando eu conversei com o secretário [de Saúde, Fernando Máximo] e falei: Olha, tem alguma discrepância aí. Os leitos que os senhores indicam no relatório diário não estão coincidentes com a realidade.’ Eu inclusive o alertei da consequência do crime de falsidade ideológica. Eles estavam adulterando um relatório que poderia levar, de uma hora para outra, o nosso estado a uma situação caótica, a exemplo de Manaus”, disse.

De acordo com o promotor, a fraude teve como objetivo evitar que a Capital regredisse de fase nas medidas de isolamento. Segundo o plano estadual de medidas, quanto maior a ocupação de UTIs, mais ações de isolamento são previstas.

“Procurei o secretário de novo e fiz outro alerta: vocês estão adulterando o relatório para não ter que regredir Porto Velho, ou seja, para não contrariar os interesses dos comerciantes, dos empresários. Foi quando eu dei um ‘xeque-mate’ neles. Eu falei: os senhores vão responder por falsidade ideológica se continuarem adulterando o relatório”, contou ele.

No dia 6 de janeiro o governo de Rondônia realizou uma reunião com seu comitê para reclassificar Porto Velho —que ali já apresentava alta de casos de covid-19.

O Promotor destaca: “Eles, aproveitando-se dos resultados fraudados, regrediram Porto Velho apenas para a fase dois, que permite ficar quase tudo aberto. Naquele dia, com os dados fraudados, estava 67% de ocupação dos leitos, contando os 30 leitos. Se tirássemos os leitos fraudados, iria para ocupação de UTI de 87,5%, o que teria levado automaticamente para a fase um —e era isso que eles não queriam”, disse.

Segundo o Ministério Público no dia seguinte à reunião, o estado corrigiu os dados nos relatórios. “Eles fizeram isso depois da decisão da mudança de fase. Foi quando eu percebi e falei: ‘Nossa, isso é gravíssimo'”, conta.

Com a explosão de novos casos, um novo decreto com isolamento social restritivo foi publicado apenas no último dia 16, quando o governo regrediu a Capital para a fase 1.

“Antes disso, nós nos reunimos novamente, e eles regrediram para a fase um após a cobrança do MP. Só que daí já era tarde demais”, contou.

(Com informações da Uol)

Fonte: UOL

Comunicado da Redação – STV News

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